Soldados norte-coreanos na Ucrânia: contingente à beira do colapso, diz estudo
Desde que iniciaram combates intensos em dezembro de 2024, os soldados norte-coreanos têm sofrido cerca de 92 baixas diárias,

Se o ritmo de baixas na guerra persistir, todos os combatentes de Pyongyang podem ser eliminados ou incapacitados até abril
A participação de tropas norte-coreanas no conflito entre Rússia e Ucrânia tem gerado preocupações sobre o destino desse contingente militar. Um think tank sediado em Washington alertou que, caso a alta taxa de baixas enfrentada pelos soldados norte-coreanos persista, todos os 12 mil militares enviados à região de Kursk podem ser mortos ou feridos em até três meses. As informações são da rede Radio Free Asia.
Desde que iniciaram combates intensos em dezembro de 2024, os soldados norte-coreanos têm sofrido cerca de 92 baixas diárias, segundo o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, da sigla em inglês).
O relatório do think tank, baseado em dados da Ucrânia, Coreia do Sul e fontes russas, aponta que essas tropas correm o risco de serem eliminadas ou incapacitas até meados de abril de 2025.
A Ucrânia relatou em 4 de janeiro que 3.800 soldados norte-coreanos já haviam sido atingidos, muitos se tornando alvos fáceis para drones ucranianos devido à falta de preparo para a guerra moderna.
Seul, por sua vez, estimou que mais de 300 militares foram mortos e cerca de 2.700 feridos até 13 de janeiro.
Soldado norte-coreano (WikiCommons)
Hwang Joon-kook, representante sul-coreano na ONU, acusou o regime de Pyongyang de tratar seus soldados como “descartáveis”, expondo-os a táticas desumanas que contribuem para as altas baixas.
Fontes ucranianas também denunciaram que soldados norte-coreanos estão sendo usados como “detectores de minas humanos”.
Erros de coordenação
O almirante Rob Bauer, chefe do comitê militar da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), classificou como “erro estratégico” a colaboração entre russos e norte-coreanos.
Segundo ele, as tropas norte-coreanas sofrem com a barreira linguística e a falta de coordenação eficaz, sendo empregadas em posições desfavoráveis.
“Sabemos que há cerca de 11 mil soldados norte-coreanos em Kursk, muitos já feridos ou mortos. Eles estão sendo usados de forma ineficaz, e isso demonstra como o regime norte-coreano trata seus militares como peças descartáveis”, afirmou Bauer em coletiva de imprensa.
A presença norte-coreana no conflito também representa uma reconfiguração geopolítica significativa. “É impressionante ver o país mais isolado do mundo se tornar um jogador ativo na Europa, conectando o Indo-Pacífico ao teatro europeu de guerra”, acrescentou o almirante.
Ameaça de escalada militar
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky alertou que a Coreia do Norte pode enviar até meio milhão de soldados para reforçar o esforço de guerra russo. Apesar de possuir um exército com 1,2 milhão de efetivos, a Coreia do Norte é conhecida por usar suas tropas em projetos de infraestrutura, e não em combates diretos.
Com pouca experiência em guerras modernas e um histórico de táticas antiquadas, os soldados norte-coreanos enfrentam desafios que podem transformar sua presença no conflito em uma tragédia humanitária e militar.
FONTE: A REFERÊNCIA – Noticias Internacionais